domingo, 26 de julho de 2009

Para dor e amor, sempre Martha Medeiros

Martha é ótima!

Sumi porque só faço besteira em sua presença, fico mudo
quando deveria verbalizar, digo um absurdo atrás do outro quando
melhor seria silenciar, faço brincadeiras de mau gosto e sofro
antes, durante e depois de te encontrar.
Sumi porque não há futuro e isso não é o mais difícil de
lidar, pior é não ter presente e o passado ser mais fluido que o ar.
Sumi porque não há o que se possa resgatar, meu sumiço é
covarde mas atento, meio fajuto meio autêntico, sumi porque
sumir é um jogo de paciência, ausentar-se é risco e sapiência,
pareço desinteressado, mas sumi para estar para sempre do seu
lado, a saudade fará mais por nós dois que nosso amor e sua
desajeitada e irrefletida permanência.

Na verdade, eu queria que ele me mandasse isso... só rindo, acho que ali só tem cérebro pra futebol, cerveja e sertaneja. Alguém me diz que encanto tem ele? O anterior pelo menos tem classe. Parece meio gay, as vezes, mas tem classe!


E mais uma da Martha, pra fechar


"Trancar o dedo numa porta dói. Bater com o queixo no chão dói. Torcer o tornozelo dói. Um tapa, um soco, um pontapé, dóem. Dói bater a cabeça na quina da mesa, dói morder a língua, dói cólica, cárie e pedra no rim. Mas o que mais dói é saudade.
Saudade de um irmão que mora longe. Saudade de uma cachoeira da infância. Saudade do gosto de uma fruta que não se encontra mais. Saudade do pai que já morreu. Saudade de um amigo imaginário que nunca existiu. Saudade de uma cidade. Saudade da gente mesmo, quando se tinha mais audácia e menos cabelos brancos. Dóem essas saudades todas.
Mas a saudade mais dolorida é a saudade de quem se ama. Saudade da pele, do cheiro, dos beijos. Saudade da presença, e até da ausência consentida. Você podia ficar na sala e ele no quarto, sem se verem, mas sabiam-se lá. Você podia ir para o aeroporto e ele para o dentista, mas sabiam-se onde. Você podia ficar o dia sem vê-lo, ele o dia sem vê-la, mas sabiam-se amanhã. Mas quando o amor de um acaba, ao outro sobra uma saudade que ninguém sabe como deter.

Saudade é não saber. Não saber mais se ele continua se gripando no inverno. Não saber mais se ela continua clareando o cabelo. Não saber se ele ainda usa a camisa que você deu. Não saber se ela foi na consulta com o dermatologista como prometeu. Não saber se ele tem comido frango de padaria, se ela tem assistido as aulas de inglês, se ele aprendeu a entrar na Internet, se ela aprendeu a estacionar entre dois carros, se ele continua fumando Carlton, se ela continua preferindo Pepsi, se ele continua sorrindo, se ela continua dançando, se ele continua pescando, se ela continua lhe amando.

Saudade é não saber. Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos, não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento, não saber como frear as lágrimas diante de uma música, não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche.

Saudade é não querer saber. Não querer saber se ele está com outra, se ela está feliz, se ele está mais magro, se ela está mais bela. Saudade é nunca mais querer saber de quem se ama, e ainda assim, doer."

sábado, 18 de julho de 2009

Veneno de Escorpião

Já conheço os passos dessa estrada
Sei que não vai dar em nada
Seus segredos sei de cor
Já conheço as pedras do caminho,
E sei também que ali sozinho,
Eu vou ficar tanto pior
E o que é que eu posso contra o encanto,
Desse amor que eu nego tanto
Evito tanto e que, no entanto,
Volta sempre a enfeitiçar
Com seus mesmos tristes, velhos fatos,
Que num álbum de retratos
Eu teimo em colecionar

Lá vou eu de novo como um tolo,
Procurar o desconsolo,
Que cansei de conhecer
Novos dias tristes, noites claras,
Versos, cartas, minha cara
Ainda volto a lhe escrever
Pra lhe dizer que isso é pecado,
Eu trago o peito tão marcado
De lembranças do passado e você sabe a razão
Vou colecionar mais um soneto,
Outro retrato em branco e preto
A maltratar meu coração

Retrato em Branco e Preto
Tom Jobim/Chico Buarque


Eu já vi o filme. Final triste. Não foi trágico, mas tristíssimo. Pra mim.
E o meu medo de pagar o preço pra ver esse filme de novo é o justamente a reprise da tristeza. E eu não vou poder mais falar em ilusão. Estou com os pés... os dois... no chão. Primeiro tem o medo da rejeição. Esse é básico em qualquer caso novo. E depois vem o medo de saber a antecipação do fim. Me assustei, porque dias atrás eu perguntava a Vó Anita se ia acabar do mesmo jeito que acabou com o meu nada caro escorpionino. Fui picada por aquele escorpião e doeu tanto que agora tenho medo de deixar qualquer um se aproximar. Até uma sardinha...
Que medo.

E ao mesmo tempo que desejo inexplicável. Pode bem ser coisa de geminiana doida, vento que sopra e passa. Afinal, eu me apaixono perdidamente ... religiosamente toda semana! Na verdade, só penso que me apaixono. Apaixonar- me, só por aquilo que conheço.

Não sei se com ele é ou vai ser diferente. Mas o simples e leve toque dos dedos dele na minha pele aceleram as batidas cardíacas. Me faz querer ele nos braços, me faz desejar a boca, a língua, a voz dele no ouvido, o hálido dele na pele arrepiada do pescoço.

É mais um caso inexplicável, pois ele não me é fisicamente compatível. É só aquele maldito veneno que alguns chmam de charme. Como veneno de escorpião. Dói. Paralisa pra depois matar. E certos homens são mesmo assim: eles parecem transpirar sexo e sensualidade pelos poros, mesmo não sendo brad pitts! O meu ex escorpião era lindo, sim, mas o veneno que me parilisou foi bem outro. Eu já tive paqueres escorpiões.. um deles ainda bem que tenta, mas já é tarde pra ele. Esse fulano, então, pouco ou nada tem de físico que me agrade. É só esse maldito veneno. Eu não sei o que eles fazem, mas é alguma coisa que eu vejo no olhar deles. Mas pra todo veneno tem antídoto. Ser realista, é o meu. Engraçado que o antídoto dói tanto quanto o veneno... mas pelo menos, salva a vida. No meu caso, salva o meu coração de se despedaçar mais uma vez.

Estou me pondo num inferno. Preciso sair dele antes que me engula. Mas já fazia um bom tempo que eu não sentia um sex appeal tão forte. O Meu Rei Athur e o meu Sir Lancelot são paixões pela figura do cavalheiro perfeito ( e como não dizer que eles não o são?????)Mas e esse ... individuo caído do nada, ou saído do chão como os geurreiros de Tebas, pra me apontar o inferno de novo? E o pior é que nem sei se tem algum inferno que ele queira me dar. Odeio isso. Odeio estar vulnerável. Já pedi tanto ao Alto por uma valvula de escape. Pelo amor, apareça logo!
Eu preciso parar de gostar do "não". Eu preciso buscar um sim... mas que inferno que é o cheiro do interdito... que maldita vontade de dar uma baita mordida na maçã.... ou no pomo de adão dele... assim, devagarinho só pra ouvi-lo gemer....
Cadê meu diazepan?Como se eu tomasse remédio. Não, não sou Elis Regina, graças a Deus, porque detesto aquela mulher-auto-destruição.Por outro lado, Retrato em Branco e Preto, que ela gravou, do Chico Buarque, é a únic amusica que me ocorre agora. Mas ficou melhor na voz da Ana Carolina!

"Vou colecionar, mais um soneto... outro retrato em branco e preto... a maltratar meu coração...."